A exemplo do que aconteceu na Europa e nos EUA nas últimas décadas, podemos dizer que o Brasil passa por uma atualização dos sistemas de produção que envolvem a pecuária leiteira. A demanda em se produzir “mais” com “menos” tem gerado uma corrida do ouro no que se refere ao desenvolvimento de tecnologias que facilitem o trabalho e melhorem a qualidade do produto final. No caso em tela, trataremos da produção de silagem, mais especificamente, do processo de colheita e processamento dos grãos na silagem de milho.
O trabalho cada vez mais qualificado dos profissionais que cuidam da saúde animal ajudou a despertar a necessidade de máquinas que entreguem uma silagem de melhor qualidade. Diante disso, a indústria nacional, pressionada por esses especialistas e pelos produtores, empenha-se para entregar a qualidade que o mercado tem exigido, não raras vezes utilizando como parâmetro o padrão de qualidade já conquistado por algumas colhedoras de forragens autopropelidas importadas, as quais carregam as marcas de respeitadas fabricantes ao redor do mundo.
Mas quando falamos em colhedoras, o que deve ser observado na hora da escolha?
Analisando a opinião de diferentes profissionais do setor de nutrição animal, é permitido inferir que o equipamento ideal deve oferecer uma ampla gama de regulagem do tamanho da partícula, lembrando que esse tamanho vem crescendo com o passar dos anos, sugerindo-se até medidas em torno de 30 mm. Tão importante quanto o tamanho é a uniformidade do picado e, para isso, é preciso atentar ao sistema de afiação das facas, dando preferência a colhedoras com afiadores automáticos ou semiautomáticos. Outro componente fundamental é a contra-faca, sempre observando que o modelo utilizado e as opções de regulagem são fundamentais para se obter resultados satisfatórios.
Observamos que alguns profissionais divergem em algum momento sobre o tamanho ideal da partícula; porém, o mesmo não acontece quando o assunto é o processamento de grãos, matéria amplamente discutida e com comprovada eficiência, que está ligada diretamente aos índices de produção de leite e à saúde do animal. Por conta disso, podemos dizer que quando se busca a excelência na produção de alimento, o uso de colhedoras com processador de grãos – também conhecido como “cracker” – é indispensável.
Embora existam inúmeros modelos de processadores disponíveis sobretudo no mercado externo, no Brasil, quando se utiliza processador de grãos, predominam os do tipo “rolo”. Mesmo que outros modelos comecem a seduzir pecuaristas e especialistas em nutrição animal, os rolos se mantêm como padrão preferencial respaldados por um motivo principal: o custo-benefício. Ainda assim, observamos que em alguns casos existe determinada resistência na hora de substituir os rolos usados. Essa situação, quando ocorre, é geradora de desconforto entre prestadores de serviços e clientes, que nem sempre concordam quanto à eficiência dos rolos depois de muitas horas de uso. De um lado, encontra-se o pecuarista, buscando a melhor qualidade; de outro, o prestador de serviços, que enfrenta um custo de manutenção extremamente alto nos equipamentos importados. Nesse contexto, é importante considerar que para a execução de um bom serviço é indispensável um investimento financeiro equivalente.
Há quase uma década estamos investindo em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de colheita e processamento de grãos. Os frutos deste trabalho são inúmeros modelos de processadores de grãos para as mais específicas situações que o mercado brasileiro exige. Em 2016, lançamos no mercado nacional o primeiro processador de grãos para colhedoras de forragens de uma ou duas linhas. Atualmente, estamos trabalhando intensivamente em algumas tecnologias voltadas ao mercado dos pequenos e médios produtores de leite, objetivando oferecer soluções que aumentem a produtividade e melhorem as condições de trabalho.
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Emerson Speroni SchererMecânico Industrial e InvetorDiretor da Scherer & Speroni Ltda.tornomaq@tornomaq.ind.br |